sábado, 4 de outubro de 2014

O SEGUNDO ADVENTO



William B. Yeats
(Tradução PlinioF. Toledo)

Girando e girando no amplo turbilhão
Não pode o falcão ouvir o falcoeiro;
Coisas se desfazem; o centro não mais se sustenta;
A mera anarquia impera sobre o mundo,
A vaga de escuro sangue é solta e por toda parte
Afoga-se a cerimônia de inocência;
O melhor perde toda a sua convicção enquanto o pior
Está cheio de intensidade apaixonada.

É claro que alguma revelação está disponível;
É claro que o Segundo Advento está próximo.
O Segundo Advento! Dificilmente são ditas as palavras
Quando a vasta imagem do Spiritus Mundi
Nubla minha visão: algo nas areias do deserto,
Uma forma com o corpo de leão e cabeça humana,
Uma oca e impiedosa mirada como o sol,
Move os seus membros lentos enquanto tudo
Oscila sombras sobre coléricos pássaros desolados.
A escuridão goteja novamente, mas agora eu sei
Que o pesadelo de vinte séculos de pétreo sono
Foi conturbado pelo balanço de um berço.
E que besta brutal, chegando ao fim de sua festa,
Rasteja até Belém para nascer?

  

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